Publications

In the Media | September 2013

Dimitri B. Papadimitriou: Regulação atual é incapaz de evitar nova crise

Ana Paula Grabois
Brasil Econômico, 26 Setembro 2013. © Copyright 2009–2012 Brasil Econômico. Todos os Direitos Reservados.

Dimitri Papadimitriou defende uma regulação do sistema financeiro mais forte: “A vigente não foi capaz de evitar o colapso de 2008.”

Pesidente do Instituto Levy Economics, de Nova York, Dimitri Papadimitriou, é um crítico feroz da autorregulação do mercado financeiro. O economista grego, radicado há 45 anos nos Estados Unidos, dirige o instituto que elabora pesquisas sobre os mercados financeiros e sobre o que se pode fazer para evitar crises, como a de 2008. Papadimitriou defende uma regulação financeira mais forte que se antecipe aos choques. "Precisamos re-regular o sistema financeiro. Porque a regulação vigente não foi capaz de evitar o colapso de 2008".

Em sua primeira visita ao Brasil, para participar da conferência "Governança financeira depois da crise", organizada pelo instituto que preside em parceria com o Instituto Multidisciplinar de Desenvolvimento e Estratégia (Minds), o economista diz que a instabilidade é inexorável ao sistema capitalista. "O aspecto mais importante é como regular esse sistema para prevenir que esse tipo de coisa aconteça de novo. Ou se entende as crises como acasos que ocorrem por choques e que não podem ser regulados", afirma o economista, ao Brasil Econômico, na véspera da conferência, que ocorre hoje e amanhã, no Rio.

Para o economista, é possível prever eventos que determinam instabilidades futuras, e assim, evitar crises mais complexas. Apesar de governos espalhados pelo mundo defenderem a ampliação dos mecanismos de regulação financeira, Papadimitriou diz que muito pouco foi feito.

"Desde o colapso de Lehman Brothers, nós ainda não tivemos nenhum progresso para prevenir que isso aconteça de novo", afirma. Parte do progresso quase nulo diz respeito à concentração das transações financeiras mas mãos de um grupo pequeno de grandes bancos. "É mais fácil regular os bancos pequenos porque você sabe o que realmente ele faz. Algumas vezes, é difícil entender o que os grandes bancos fazem e precificar o risco. A tendência desde 2008 é subprecificar os riscos dos bancos".

Com tantos tipos de transações, entre depósitos, empréstimos, títulos, investimento, derivativos em poucos bancos, a atual estrutura regulatória - seja nos Estados Unidos, na Europa ou na América Latina - é ineficaz. "É preciso saber quem regula e supervisiona quem e o quê", completa.

Na sua avaliação, os grandes bancos atingidos pela crise e depois ajudados pelo governo americano, como Citibank, JPMorgan e Chase Manhattan, continuam no controle das transações financeiras no mundo, sem avanços na regulação de suas atividades. "As restrições foram incapazes, por exemplo, de controlar questões como o caso da Baleia de Londres. O JP Morgan perdeu US$ 6 bilhões para seus clientes e teve US 1 bilhão de multa. Isso mostra que ainda falta regulação", diz. O escândalo do JP Morgan envolveu operações de alto risco com papeis derivativos.

O presidente do Levy Economics afirma que num mundo onde as transações financeiras equivalem a 35 vezes o valor do comércio de bens e serviços entre os países, a complexidade das transações aumenta, o que dificulta ainda mais a supervisão do mercado. Papadimitriou defende a modificação das estruturas de regulação no mundo, a começar pelos Estados Unidos. "O grande problema é o lobby dos bancos no Congresso, que querem evitar a regulação. O governo Obama não é muito agressivo em implementar novas regulamentações", complementa.

Totalmente favorável ao controle de capitais, o economista do instituto de pesquisa ressalta a conexão entre as crises financeiras e a economia real de vários países no ambiente globalizado atual.

"Wall Street não é isolado da economia real", diz. Uma crise financeira pode aumentar desemprego, retrair o crescimento da atividade econômica de vários países, além de forçar o corte de gastos do governo para evitar déficits de orçamento. "Isso significa menos infraestrutura, menos educação, menos seguridade social", afirma.

Publication Highlight

Working Paper No. 1047
“Just Transition” in India and Fiscal Stance
Analyzing the Tax Buoyancy of the Extractive Sector
Author(s): Lekha S. Chakraborty, Emmanuel Thomas
April 2024

Quick Search

Search in: